No camarim, sento no canto, enquanto tomo uma tônica.
Todo mundo agitado, no vai-e-vem dos autógrafos e dedicatória.
- "Esse é para quem?"
- "Paula"
- "Arranja outra caneta, essa não quer pegar..."
Sobe gente, desce gente. Fumaça, conversa, todos rindo.
Uma moça me abraça, e me dá os parabéns. Abraço de volta, embora não seja meu aniversário. E ainda agradeço. Gosto de ganhar abraços. E ela elogiou meu cabelo, me chamou de linda... gosto quando quando me chamam de linda.
O camarim é invadindo por um sotaque gostoso. Eu só faço ouvir. Tem um acento diferente, uma coisa cantada, um ritmo que te faz sentir vontade de falar igual.
Observo da cadeira. Delicio-me atentamente com cada assunto: álbum da copa, a programação da noite...
A voz grossa que se destaca no grupo do frevo, me mira, e dispara:
- "E você, que está aqui, em nossa órbita... como se chama?"
- "Sputnik..." respondi. -"Mais para o tipo 'Murakami' do que do tipo 'Laika'"
Ele achou graça. Embora eu pudesse jurar que nada tinha entendido do que eu disse...
Mais risos. Mais abraços.
Despeço-me.
Sozinha, desço a "Angélica" distraída pela fome.
Resolvo comer.
Café. Torta de frango. Doce de leite.
Café. Torta de frango. Doce de leite.
"Sputnik... de onde eu tirei essa resposta?"
Amanhece na cidade.
Já é hora de voltar para a casa...
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