sexta-feira, 9 de maio de 2014

Sputnik

No camarim, sento no canto, enquanto tomo uma tônica.

Todo mundo agitado, no vai-e-vem dos autógrafos e dedicatória.

- "Esse é para quem?"

- "Paula"

- "Arranja outra caneta, essa não quer pegar..."

Sobe gente, desce gente. Fumaça, conversa, todos rindo.

Uma moça me abraça, e me dá os parabéns. Abraço de volta, embora não seja meu aniversário. E ainda agradeço. Gosto de ganhar abraços. E ela elogiou meu cabelo, me chamou de linda... gosto quando quando me chamam de linda.

O camarim é invadindo por um sotaque gostoso. Eu só faço ouvir. Tem um acento diferente, uma coisa cantada, um ritmo que te faz sentir vontade de falar igual. 

Observo da cadeira. Delicio-me atentamente com cada assunto: álbum da copa, a programação da noite...

A voz grossa que se destaca no grupo do frevo, me mira, e dispara:

- "E você, que está aqui, em nossa órbita... como se chama?"

- "Sputnik..." respondi. -"Mais para o tipo 'Murakami' do que do tipo 'Laika'"

Ele achou graça. Embora eu pudesse jurar que nada tinha entendido do que eu disse...

Mais risos. Mais abraços.

Despeço-me.

Sozinha, desço a "Angélica" distraída pela fome.

Resolvo comer.

Café. Torta de frango. Doce de leite.

"Sputnik... de onde eu tirei essa resposta?"

Amanhece na cidade. 

Já é hora de voltar para a casa...














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