quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Quando o sonho é esperança...

Atravessou a sala de casa apressado, com uma garrafa de um bom uísque na mão. Trancou-se no quarto escuro, e escondeu a chave.
Deitou-se na cama.
Fechou os olhos. 
Ópio, para aliviar a dor.
Mesmo sabendo que as dores da alma não se anestesiam com sucos de plantas.
Mas ele só queria dormir... durante o sono, nada se sente. 
Quando o abismo é a única coisa que lhe sorri, não fica difícil criar empatia. 

Enquanto isso, fora do quarto, Daniela caminha pela sala (fazendo barulho com o salto) calmamente. Chega à porta trancada. Ouve um choro sentido vindo de lá. Bate três vezes, e não obtém resposta.
Senta-se. Ali, na porta mesmo.
Avisa que não vai embora... 
Daniela entende sobre os demônios que afligem a alma. 
Os dias passam, a porta continua trancada. E Daniela continua sentada. Distai-se brincando com uma pedra verde que carrega no peito.
Do quarto, um silêncio frio, só interrompido vez em quando por choro.
Vem a noite, vem o dia, outras noites, outros dias, e tudo permanece igual.
Porém, em uma madrugada diferente, o silêncio é rompido por um grito. Um grito alto, forte, como de quem tem o peito rasgado por uma espada.
Daniela, que cochilava deitada junto a porta, acorda assustada. 
Tenta espiar pela frestinha do chão o que está acontecendo, quando é surpreendida por dedos que se esticam pela mesma fresta.
Daniela sorri. Toca aqueles dedos com sua mão branca com muita ternura. Segura firme. Diz que ficará por ali até quando for convidada a entrar, ou solicitado que vá embora. 
As mãos ficam grudadas, quase dormentes, até o momento que se rendem ao sono. 
E aquela foi a primeira noite que o sonho tomou o lugar dos demônios que ali rondavam...






quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Da Estação das Brumas à Primavera

Porque algumas pessoas fazem conosco o que a primavera faz com as flores... nos fazem desabrochar.