terça-feira, 29 de abril de 2014

Mourir Auprès de Toi

E esse é o meu preferido quando penso em Jonze...

Não só por conta de toda essas referências literárias, mas, principalmente, porque nesse romance tem um delicioso humor...

E acho, inclusive, que a rima perfeita para "Amor" é "Humor"...

Ah, vá... Caymmi rimou "mar", com "voltar" e "chegar". Qualquer rima é melhor que isso.

E outra... todas as rimas de amor são ridículas!









sexta-feira, 25 de abril de 2014

Das vontades urgentes...

Porque não existe no mundo, uma vontade que não seja urgente...






terça-feira, 22 de abril de 2014

Despertador

Acordar cedo pós-feriado é violento.

Dói.

Apedreja o corpo.

E o nome "desperta-a-dor" já começa fazer sentido...

Mas, para viver, é preciso se fazer acordar...

Ah, e essa noite, de novo, sonhei contigo...




terça-feira, 15 de abril de 2014

Quando E. E. Cummings já escreveu o que eu queria escrever...

I like my body...

i like my body when it is with your
body. It is so quite a new thing.
Muscles better and nerves more.
i like your body. i like what it does,
i like its hows. i like to feel the spine
of your body and its bones, and the trembling
-firm-smooth ness and which I will
again and again and again
kiss, i like kissing this and that of you,
i like, slowly stroking the, shocking fuzz
of your electric fur, and what-is-it comes
over parting flesh...And eyes big love-crumbs,
and possibly i like the thrill
of under me you quite so new 




segunda-feira, 14 de abril de 2014

Confissão

Outro dia, engoli um "eu te amo".

Fiquei ruminando a frase depois. Do estômago, para a ponta da língua. E lá, tive que impedi- la de sair.

Dizem que tem etiqueta para esse tipo de frase. Tem que estar em um relacionamento, desses que tem classificação padrão. E tem que ter um tempo. Tem que ser sólido!

Mas como eu só sinto, não saberei nunca o momento correto de deixar escapar a ingrata.

Talvez o correto fosse dizer "estou te amando... agora, nesse momento".

Amor, acima de tudo, é momento... ou não? (Com sorte, a coleção de muitos momentos)

Creio que seja. 

Outro dia quis dizer "eu te amo". E era verdade. E esse é o momento certo de proferir a bendita frase. Quando é verdade!

Mas eu não falei.

E talvez nunca fale.

Talvez, um dia, só escreva:

"Naquele dia, eu estava te amando".

Talvez ele já saiba.

Ou, talvez, ele nunca chegue a saber...









quinta-feira, 3 de abril de 2014

Coisas Frágeis: A resenha dizendo mais que o próprio livro

"Enquanto escrevo isso, me ocorre que a peculiaridade da maioria das coisas que consideramos frágeis é o modo como elas são na verdade, fortes. Havia truques que fazíamos com ovos, quando crianças, para demonstrar que eles são, apesar de não nos darmos conta disso, pequenos salões de mármores capazes de suportar grandes pressões, e muitos dizem que o bater de asas de uma borboleta no lugar certo pode criar um furacão do outro lado de um oceano. Corações podem ser partidos, mais o coração é o mais forte dos músculos, capaz de pulsar durante toda a vida, setenta vezes por minuto, não falhando quase nunca. Até os sonhos, que são as coisas mais intangíveis e delicadas, podem se mostrar incrivelmente difíceis de matar.

Histórias, assim como pessoas, borboletas, ovos de aves canoras, corações humanos e sonhos, também são coisas frágeis, feitas de nada mais forte ou duradouro do que 26 letras e um punhado de sinais de pontuação. Ou então são palavras no ar, compostas de sonhos e ideias - abstratas, invisíveis, sumindo no momento em que são pronunciadas -, e o que poderia ser mais frágil que isso? Mas algumas histórias, pequenas, simples, sobre gente embarcando em aventuras ou realizando maravilhas, contos de milagres e de monstros, perduram mais do que todas as pessoas que as contaram, e algumas perduram mais do que as próprias terras onde elas foram criadas." 



Coisas Frágeis, Neil Gaiman (o cara dos gibis)

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Poemou-se

A parede do quarto, onde a cama ficava encostada, ela pintou com "tinta de lousa". Não a preta. A verde.

No criado-mudo do lado direito, ela mantinha uma caixa de giz.

Toda manhã, antes de sair (ela saía primeiro para o trabalho), escrevia poemas para ele. Poemas que ela adorava. Poemas que ele adorava. E poemas que ambos desconheciam.

Ela deixava que as palavras velassem o sono dele.

Certo dia, desenhou um jardim.

E numa manhã daquelas cinzas de outono, deixou o gajo na companhia de um grande sol.

Um mundo de possibilidades infinitas em uma parede.

E era assim que ela escrevia a própria história. Com giz.

Outra noite, dessas onde a inquietude é a mãe soberana, e onde não há chá que adormeça os pensamentos, com a impossibilidade de fazer uso do recurso da escrita na parede, porque ali outro dormia, resolveu escrever no próprio corpo.

Poemou-se.

Dormiu gente, e acordou rima.

E quando ele abriu os olhos, e começou a ler aquele corpo rabiscado, percebeu que aquilo se tratava de poesia concreta.

Deleitou-se, ele também, com as palavras.













A Garden

Quando todo mundo fala em H. P. Lovecraft, a primeira coisa que me vem à cabeça, não são os mitos que me dão medo... é um jardim...


A Garden

There’s an ancient, ancient garden that I see sometimes in dreams,
Where the very Maytime sunlight plays and glows with spectral gleams;

Where the gaudy-tinted blossoms seem to wither into grey,

And the crumbling walls and pillars waken thoughts of yesterday.
There are vines in nooks and crannies, and there’s moss about the pool,
And the tangled weedy thicket chokes the arbour dark and cool:
In the silent sunken pathways springs an herbage sparse and spare,
Where the musty scent of dead things dulls the fragrance of the air.
There is not a living creature in the lonely space around,
And the hedge-encompass’d quiet never echoes to a sound.
As I walk, and wait, and listen, I will often seek to find
When it was I knew that garden in an age long left behind;
I will oft conjure a vision of a day that is no more,
As I gaze upon the grey, grey scenes I feel I knew before.
Then a sadness settles o’er me, and a tremor seems to start:
For I know the flow’rs are shrivell’d hopes—the garden is my heart!

terça-feira, 1 de abril de 2014

Conheça Pedro Chagas Freitas


"Ajuda-me que já não sei o que faço com o que te sinto", dizes-me, a voz roçada pelas lágrimas. E eu sorrio, limpo-te as lágrimas. E amo-te.

É sempre com amor que se ajuda quem se ama. 
"Queria viver sem precisar do teu abraço, sem depender dos teus lábios", atiras, enquanto me abraças e me beijas. E a ironia deixa que eu fique em silêncio.
É sempre em silêncio que se ajuda quem se ama. 
Preciso-te para depois do que se sente. Preciso-te para além do que é saudável. Mas quem disse que o amor é saudável?
É sempre com deficiências que se ama com perfeição.
"Abraça-me como se me fodesses" pedes-me. E todo o amor, numa simples frase, fica dito.
Amo-te cada abraço como se te fodesse. Como se por dentro dos braços estivesse todo o prazer do mundo, todo o encanto de existir. Como se não houvesse depois para um abraço que se vive agora. 
É sempre em agora que está o tempo de quem se ama.
"Não quero que me ajudes se não te estiveres a ajudar", explicas, a tua mão a ajudar-me o sexo a erguer-se. E depois chega o momento do corpo, o instante em que todos os suores servem para amar.
Se tiver de beber que seja de ti, se tiver de morrer que seja por ti. Se tiver de doer que seja a sério, sem remissões. Não admito dores pequenas para algo tão grande assim.
É sempre em tão grande assim quando se ama assim.
"Ouço Deus no teu orgasmo", confessas, já ajoelhada diante do que gememos. E nem as paredes conseguem ouvir o que nos dizemos em gritos. E nem a gramática explica uma sintaxe assim: duas orações unidas por um parágrafo no centro do mundo. 
Nem o ponto final nos consegue terminar. Nem a água escorre com tanta força, nem a pedra é tão forte como o que nos ensina. E nenhuma sala de aula tem o que nós temos: dois alunos unidos pela certeza de que só o que se desaprende é capaz de ensinar.
É sempre ignorância amar tanto assim.



Pedro Chagas Freitas