sábado, 15 de dezembro de 2012

As canções que você escolheu para mim...

Recebi uma carta. Hoje. Perto da hora do almoço.
Há um tempo atrás, apaixonada, retomei velhos hábitos. Apaixonar-me, pelo visto, foi o primeiro dos hábitos que retomei.*rs E outro, o que quero contar aqui, foi o de escrever cartas. De próprio punho, postadas no correio, com direito a perfume e beijos de batom.
E nessa retomada da escrita de missivas, um amigo, aquele que dança sem derramar o drinque, pediu-me para que lhe escrevesse também.
A brincadeira então era essa. Trocar cartas com esse  amigo. Escritas em papel, com caneta borrando, e caligrafia que denuncia a personalidade.
Quem escreve cartas, não sabe de solidão. É chegar em qualquer lugar. É carinhar qualquer pessoa. Palavras carregam sentimentos mais que qualquer peito que mais amou.
A primeira fui eu. Botei sentimentalidades num naco de papel e selei com um beijo de batom vermelho. Logo o Russian Red... o preferido.
Hoje, me chega a resposta. Num papel de carta bonito, e mais outros dois dizendo iguais, declarações de nosso encontro de almas. Digo de almas, porque Vand, o amigo elegante, sabe de mim o que muita gente não sabe. Da minha timidez real e absoluta, da calma que carrego, do riso manso, do falar baixo. Porque metade de mim, por mais incrível que pareça, é paz.*rs
Junto com a carta veio um cd. "O cd é bônus. O sentimento é melhor que o produto". Uma carta musical!
Botei pra tocar na sala, bem alto, enquanto terminava a arrumação. Um surpresa maior que a outra. 
Na sétima música, não aguentei. É a música que em mim se faz gravata. Aperta o pescoço, dá nó na garganta. E eu sei que ele colocou entre as escolhas conhecedor disso. Desatei a chorar. Não é choro de dor, é só de saudade, então acaba a música, o choro acaba também.
O cd me fez relembrar outro hábito perdido no tempo. Os meus momentos "Rob Gordon", com listas de top five e seleções de trilhas sonoras para temas definidos.
Era uma loucura dos quinze anos, que durou até os vinte. A última que fiz tinha o tema "As músicas que me fazem pensar em você"... nunca tive coragem de entregar.*rs
Eu sei que ao fim de 22 canções eu estava derretida. Tomada por um sentimento de nostalgia, que só não era maior que a alegria que o correio ajudou a proporcionar.
O sábado já não era mais cinza e chuvoso...
A surpresa boa, o coloriu... fez-me sambar!
A paixão, de lá de cima que deu início a tudo, acabou passando. Esse é o destino de toda paixão.
Mas as cartas, ah, essas vão ficar... amareladas, guardadas em uma caixa, ali disponíveis para em dias de resgate, se fazerem leitura...
Ou não, se forem rasgadas e soltas ao vento.
Mas ainda assim chegarão essas palavras em algum lugar.
O papel carrega mais histórias que uma vida inteira...