A gente toma um tapa da Vida, e se deixa endurecer um pouquinho.
O tempo passa, a gente baixa a guarda, e quando abre uma janela, toma outro tapa.
Aí a gente caleja, e fica um pouco mais duro.
E a cada safanão, vamos nos endurecendo mais. Até ficarmos inacessíveis. Presos em carapaças que criamos para não sermos afetados.
Mas eu não acho que os "tapas" que a Vida nos dá, sejam para nos endurecer.
Muito pelo contrário.
Quando a gente pega o martelo e solta no côco seco, é para que ele se abra, e nos ofereça o que ele tem de mais doce. O que ele tem de melhor.
A cada martelada, o côco se abre mais.
Eu acho que é isso que a Vida quer da gente.
A cada pancada, que a gente crie frestas para que nossa doçura escorra.
Eu sei que é horrível estar vulnerável.
Mas controle não passa de uma ilusão boba, que serve só para distração.
Abrir-se, para receber. Abrir-se, principalmente, para doar-se.
E perceber que é nessa troca que está felicidade que a gente não encontrava, por estarmos "protegidos", com medo de sofrer.