terça-feira, 26 de julho de 2011

"Neta de primeira viagem"

Chegue em qualquer livraria e busque por livros de orientações para mães de primeira viagem e tenha certeza que milhares de exemplares de diversos autores estarão recheando as prateleiras.
Mas , e quando o bebê tem 70 anos e pesa mais de 80 quilos?
Dramático.E sem literuta para orientar.
Aconteceu comigo.
Com vinte e poucos anos "adotei" um bebê desses.
Um bebê que eu conhecia de longa data.Na verdade , conheci a minha vida inteira...
Mas nem sempre a história foi assim.Eu já fui o bebê da vez...
Quando foi diagnosticada com Alzheimer minha avó não fazia idéia do que estaria por vir.Nem eu.
Sabia muito pouco a respeito da doença.E em determinado estágio , sim , minha avó teve que fazer uso de fraldas geriátricas.Definitivamente.
Nasce aí o meu bebê.Todo especial.
Quando você troca as fraldas de um bebêzinho desses que toda mãe tem , você junta as duas perninhas , levanta o bumbum e serviço pronto.
Faz idéia de como trocar as fraldas de um adulto?
Eu também não fazia.*rs E minha avó não estava dotada de suas totais faculdades mentais.Já imaginou como é trocar a fralda de um adulto enquanto ele anda?*rs Olha , é difícil...*rs
O Alzheimer é um mal degenerativo , que por enquanto não tem cura.Os medicamentos disponíveis hoje em dia só desaceleram o processo.Não o estaciona.Receber esse diagnóstico é receber uma sentença de muito sofrimento.Que em seguida será esquecida.
E foi no tom da última piada que seguimos cuidando de minha avó.
Dando comida na boca , trocando fraldas , banhando , vestindo , como toda mãe.Sem saber ao certo como agir.Mas fomos descobrindo meios.
E essa foi a melhor experiência de minha vida.Retribuir tudo o que já havia sido feito por mim.Ah , pra quem não sabe , fui criada por minha avó até os 8 anos de idade.
É claro que a doença foi se agravando e as condições dela também.Mas sobre isso eu não quero falar hoje.Um dia , quem sabe , abandono meu desktop e compro um note , e acabo fazendo das minhas noites de insônia horas para escrever um livro que enfim oriente sobre cuidados com esses "bebês" tão especiais que a vida nos traz.
Por hoje , só teria uma orientação.Amor.
Não há como errar onde tem cuidado com muito amor.
Minha avó veio a falecer por conta de todas as complicações.
E hoje escrevo no dia dos avós esse post com uma saudade danada dessa "véia".
Mas escrevo também com a certeza de ter feito tudo o que pude.E faria mil vezes mais se necessário fosse.
Porque a vida é isso.É se doar num amor absoluto , sem limites e incondicional.Sem saber qual dia será o último de fato.Vivendo como se todo dia fosse o último...


Um comentário:

  1. Nada melhor que o dever cumprido...
    sem culpas, sem cobranças...
    simplesmente se deixar levar pelas necessidades
    do outro, uma doação sem tamanho, sem querer
    nada em troca... isso sim que é amor.
    Pena que isto se tornou a coisa mais rara nos
    dias de hoje. Acho até que é por isso que existem pessoas tão infelizes, ficam o tempo todo esperando o "venha a nos" enquanto que
    "vosso reino nada" enfim o egoismo total.

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